quarta-feira, 10 de março de 2010

Sou e não sou.


Sou superpoderoso, tenho minha própria consciência de tudo o que poderia fazer, tenho todos os sentidos e membros funcionando corretamente. Posso fazer coisas que talvez outros não possam, eu respiro sozinho, falo, ando, enxergo e sinto. Não, não sou. Uma bala poderia atingir - me a cabeça e então eu seria mais frágil do que um fragmento de metal. Então eu não seria nada.

Sou feito de carne, ossos, carbono (?). Do que é palpável e do que não é, ininteligível e compreensível. Paradoxalmente humano. Poderia se o que quisesse, sou regido pelo tempo. Minhas pernas são feitas para caminhadas, mesmo em caminhos inexistentes e desconhecidos. Nascer foi um desafio. Mas então, um carro poderia me atropelar e reduzir os meus músculos, tendões e cartilagens a fragmentos de cálcio partido, montes de sangue e entranhas. Eu não seria nada mais do que um corpo, um sopro.

A alma, dizem, jamais poderia ser enclausurada, o espírito é livre. O meu cérebro é incognitível, mas eu poderia ter alzheimer ou sofrer um derrame. A vida poderia seguir maravilhosa, ou terminar agora mesmo. Será que um pensamento me guiaria realmente ao infinito. Não sei.

Nas palavras de Cecília Meireles: - espero a minha própria vinda.