quinta-feira, 1 de abril de 2010

No escuro




A tarde caiu, o sol se pôs. Não acendi as luzes, continuo meus passos no escuro; percorro corredores sob o sol de uma música melancólica e inebriante. Eu já estou tão cansado de brincar. Gostaria de ter razões para continuar, me parece tudo tão tranqüilo que eu tenho medo de parar de respirar e nem ao menos perceber.

Justamente eu, que sempre quis um pouco de espaço, agora tudo parece tão espaçoso que nem as flores florescem mais. Bem, eu poderia começar do começo, mas me faltam folhas e sementes. Tudo me parece tão amável ao redor de onde me encontro, mesmo assim eu enxergo fronteiras. Acho que não poderia existir do outro lado.

Sinto cheiro de queimado, algo foi destruído - certifico - me de que não sou eu mesmo, graças a Deus eu ainda tenho sentidos! - não existira problema se eu chorasse, não tem ninguém olhando. Mas eu estou tão cansado que as minhas pálpebras doem, e o meu coração sofrega.

Eu estou tão cansado que continuo no escuro, não acenderei as luzes, a noite cairá. Então serei tomado pelas trevas, mas eu não desapareço, depois virá a luz e eu continuarei aqui. Apenas gostaria de ser alguém, para ficar marcado, para existir por mais tempo... Eu tenho espaço demais e pouco tempo. Percorro os corredores, discorro a vida.

2 comentários:

  1. Daaaan AMEI.
    Me impressiono com a capacidade de universalização que seus textos tem, parece que você leu minha mente, principalmente em "Gostaria de ter razões para continuar, me parece tudo tão tranqüilo que eu tenho medo de parar de respirar e nem ao menos perceber."

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  2. Realmente lindo. Momentos introspectivos são muito inspiradores, e revelam muito quem somos.

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