domingo, 20 de junho de 2010

É que eu quero agradecer e muito pelo fato de poder enxergar. Pelo fato de não viver no escuro e poder ouvir. Pelo fato de apreciar a música e poder cheirar. Por ver, sentir, e ouvir o canto das flores. Mas é que eu não sei bem ao que agradecer, então eu estou naquele estado de glória pura. Da emoção fluida na própria coisa. E eu não posso agradecer a Deus sem criminalizá-lo. Porque também me ocorrem coisas ruins. E se o Deus for mal eu não terei mais limites.

Nunca gostei de religionalizar o Deus, as coisas limitadas me doem e eu nunca entendo muito bem. Não que eu eu tenha chegado a entender o Deus, só pela mutabilidade isso seria impossível. Mas não gosto das responsabilidades do que não pode ser responsável. Neste mundo das sanidades nós não podemos julgar o que não concebemos. E Deus é tão inconcebível como nuvens são.

Olhe, pode parecer fora de questão e Deus não cabe na existência: eu sonho. Enfrento mundos inimagináveis e nunca vi Deus. Talvez só os anjos vejam, ou nem mesmo eles. Eles também não julgam o inconcebível, nós também não os vemos. E essa coisa de não enxergar dói tanto no humano, não enxergar. Então a fé é cega e deus é o escuro.

Por que aliar o divino à luz? E é por isso que é ininteligível. Nestas mentes confusas - e mesmo isto é confuso. E a carne não é clara e não é escura, e o intermediário é sempre sujo. As pessoas tem medo do escuro desde sempre. E quando vencem este medo não possuem mais sanidade.

Oh Deus seja claro na sua sanidade. Oh Deus não se faça na noite, pois mesmo a lua é ludibriante. Não seja o sol pois ele queima. Assim nos céus como na terra. Deus permita-se. Permita-nos.


Nostalgia litúrgica.

Um comentário:

  1. Em poucas palavras você conseguiu definir o que a Igreja não conseguiu em quase dois milênios.

    Fiquei boquiaberto, parabéns Dan xD.

    Fê.

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