terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sobre os anjos que não possuem asas.

Então eu estava esperando que o ônibus passasse. Esperar um ônibus exige resignação intensa, é uma espécie de destino passivo. Ainda faltava uma hora e como era um terminal sentei-me em um banco. Velhinhos gostam de conversar.

Deve ter começado com uma pergunta inóqua, algo sobre o tempo ou sobre a demora dos ônibus... E ela começou a me contar parte de sua vida, chamava-se Ermelinda. Na primeira pausa já anunciei meu espanto: ela possuía olhos com cores diferentes, um era azul e o outro cor de mel. Das características exóticas que anjos precisam ter para que saibamos que são anjos.

Conversamos ainda algum tempo, ela me contou sobre sua família, sobre sua neta que tanto amava, sobre sua filha, sobre a limpeza árdua da casa. Contou-me sobre a vida e sobre os modos de como se viver. Seu ônibus não demorou e então ela se foi, do modo como anjos devem fazer. Era muito doce, não havia qualquer ansiedade, apenas paciência. Serenidade.

Ela me acalmou de tal maneira que nem consigo descrever, e eu nem estava agitado. A conclusão de que ela era um anjo é ininteligível, eu apenas soube e ela simplesmente era.

Nunca mais a verei. Talvez nunca mais veja anjos. Talvez eles não existam para muitos, mas ela possuía coração. E os olhos mais bonitos que já vi.

4 comentários:

  1. vai aí um tipico comentario meu:

    FICOU LEGAL!! ahha

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  2. Obrigada por me mandar esse post Dan. Lindo, até arrepiei, é estranho como anjos existem na vida real e eles não precisam fazer grandes feitos para que saibamos que são anjos, a paz, a calma e a certeza de que algo mais existe já é o suficiente.

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  3. q lindo Dan
    eu ja tive um cachorrinho com olhos assim :)

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